domingo, 30 de março de 2008

Capítulo III (F)

O jogo teria lugar essa mesma noite e certamente a porta 12 seria o palco da nossa atenção. no fim do almoço apressmo-nos a ir a uma dessas cabinas de telefone que em prol de um estilo mais conservador, teimava em manter um telefone a moedas e uma lista telefónica numa pequena prateleira que ocupava uma das esquinas. O pó acumulava-se como um tributo à era dos telemóveis que se impôs e arrasou o sucesso de todos aqueles discípulos de Bell.
Folheei as páginas macias de impressão volátil que me deixaram marcados os dedos á medida que me aproximava do meu objectivo.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Capítulo III (E)


Ocultei a resposta num beijo enternecedor e por ali ficamos mais um bocado a viver aqueles momentos de namoro. O apelo aos sentidos, o aconchego que sentia era uma verdadeira novidade para mim que nunca tivera um namorado. Numa vida rodeada de números, reuniões, e projectos numa azáfama diária deu lugar a este repouso dos deuses com uma infindável descoberta de sensações.
Uma única batida daquele ruidoso relógio de pêndulo interrompeu aquele deleite e lembrou-nos que já eram horas do almoço.
O restaurante ficava ao dobrar da esquina. Eu só esperava que primassem pela variedade de vinhos. Percorremos vagarosamente a calçada enquanto deixávamos os nossos corações apaixonados voltar ao ritmo normal (pelo menos dentro do possível), apaziguado pela calmia do mar e revestido por aquela maresia somente interrompida pelo rebentar das ondas contra as rochas.
Ao entrar no restaurante, tudo estava na mesma, os mesmos empregados, as mesmas mesas, os mesmos petiscos, só mudava uma coisa, desta vez tinha companhia, e uma companhia que não tardei verificar que era querida por aquela gente.
-Olá João!
-Olá! – retorquiu
De todos os lados saltaram saudações, do bar, da porta da cozinha entreaberta e mesmo de algumas mesas.
As palavras da D. Maria reconfortaram-me:
- Finalmente trazes companhia, já não era sem tempo. Cuide bem dele menina – disse sem desviar o olhar atarefado dos seus petiscos
- Deixe estar que ele está em boas mãos – respondi imediatamente enquanto redobrava a força com que lhe agarrava o braço, no sentido de proteger a minha preciosa mercadoria.
Piérre, o tal empregado Francês trocou um discreto “shake hands”, sussurrou umas palavras em Francês e encaminhou-nos para um canto da sala onde umas escadas levavam ao segundo andar. Aquele segundo piso, muito menos povoado premia pelo requinte. As mesas escassas e enormes eram rodeadas de cadeiras de madeira trabalhada. Uma camilha simples de cor amarela precipitava-se no chão. Com vista para o mar encontrava-se um terraço rodeado de plantas e uma trepadeira que cobria uma armação em madeira que fazia sombra àquele local, lembrando a selva tropical. O aroma das plantas em flor enchia de romantismo aquele lugar. Ao transpor a porta que lhe dava acesso reparei numa mesa onde só cabiam duas pessoas.
O João num gesto de cavalheirismo que já me vinha habituando puxou-me delicadamente cadeira, sem quase ouvir o som de arrastar pelo chão e aconchegou-me à mesa. Imediatamente se sentou á minha frente, completando aquele quadro mágico.
- Nunca paras de me surpreender. Isto é lindíssimo – as palavras dispensavam-se pela minha expressão radiante.
- Tu mereces – retorquiu – pelo menos assim o espero – completou com uma expressão marota.
- Oh, não digas asneiras!
Piérre aproximou-se de nós com uma sapateira e camarões.
- Parra beberr? – Perguntou
Um…-ia o João pedir quando o interrompi:
- Gloria Otero tem?
Não sei mas posso perguntarr. Senão?
- Soalheiro – manifestou-se o João, é o mais antigo alvarinho de Melgaço, desde 1982- justificou.
O empregado afastou-se enquanto o João me lançava um olhar penetrante como se estivesse a sondar a mente, estupefacto com a minha ousadia.
- Então, as mulheres também podem ser apreciadoras de vinho ou não?
- Estou espantado, mas porquê o Gloria Otero?
- Já vais ver.
Quando o vinho chegou à mesa o empregado serviu o vinho a provar ao João e esperou. Quando ele assentiu distribuiu o néctar pelos copos até à medida que aconselha as regras de etiqueta. Quando pousou a garrafa o João ficou a ver aquele rótulo futurista que denunciava aquele ser um produtor recente da casta alvarinho. Peguei na garrafa e escrevi no telemóvel o nome do produtor enquanto João me acompanhava com o olhar.
- Para que queres isso perguntou?
- Então não queres bilhetes para o jogo?
- Comprei um telemóvel novo para estas férias e não tenho o número de ninguém a não ser o da minha amiga Carla. Mas tenho um amigo que é benfiquista ferrenho com uns contactos no clube.
- E que produz Gloria Otero? – completou o João com olhar entusiasmado
- De certo modo – respondi, ajuda o pai a produzir e esse é o nome que eu não sabia. Agora é só procurar o número na lista telefónica.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Capítulo III (D)

Retirei o papel amarrotado de dentro da minha bolsa. João fixou o olhar e o pensamento nas letras manuscritas, tentando descodificar a mensagem.
- Bem! Isto não há-de ser assim tão complicado. – afirmou João como se de um especialista se tratasse.
- Eu não pesco nada -disse eu - espreitando para o papel.

“Nathalia Nikolaeva”
“ZUL MUIDATS 12 ETAG”

Por momentos fez-se silêncio na sala, até que João exclamou:
- Ó Guida é fácil. Está-se mesmo a ver. Este código é muito simples. Ora lê lá a frase ao contrário.
De repente fez-se luz na minha cabeça. E a frase que me pareceu à primeira vista em língua estrangeira, desvendou-se numa mensagem clara e explícita.


“Nathalia Nikolaeva”
“GATE 12 STADIUM LUZ”

- João! Descobriste! O que quer que se tenha passado naquele restaurante, com aquelas personagens misteriosas está relacionado com o Estádio da Luz! – Exclamei eufórica como se tivesse descoberto a cura para uma doença rara.
Fez-se novamente silêncio na sala rapidamente interrompido pela minha confusão. - Mesmo assim nada me faz sentido.
- Guida não sei se terá alguma ligação. Mas hoje há um jogo importante no Estádio da Luz, entre o Benfica e uma equipa da Rússia. – Atalhou o João
-Só se fossemos lá então e íamos para a Porta 12 do Estádio ver se passa alguma coisa se anormal. – Sugeri.
- Não vai ser fácil Guida os bilhetes já devem ter esgotado. Dificilmente consegues entrar. – Lembrou o João.
- Não te preocupes eu ocupo-me disso.
- Como? – Perguntou o João surpreendido.

terça-feira, 6 de março de 2007



Fantastica fotografia

sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

Capítulo III (C)

A casa do João ficava a uns escassos 5 min. a pé da praia. No alinhamento da varanda podia ver-se o mar por entre os intervalos das casas que ficavam na rua marginal.
O exterior parecia modesto para não dizer mesmo degradado e destacava-se um pequeno jardim perfeitamente arranjado com flores de todas as variedades. Durante as nossas conversas, tinha descobrido que a casa fora herança de um tio:
- Chamava-se Amadeu e foi um grande historiador aqui da zona de Sintra e Lisboa.
Quando falava no nome do tio, a sua expressão enchia-se de nostalgia e respeito, como se o seu espírito continuasse presente em cada palavra que proferia. Daí foi fácil de deduzir quem influenciou a carreira do João.
- Sempre foi como um pai para mim. Sempre que tinha algum período de férias, vinha para aqui para a praia das maçãs. E em palavras demoradas como os nossos passos relatava as suas aventuras por ruínas em Sintra, visitas a museus e palácios, viagens no tempo através dos muitos livros que faziam parte do repertório do tio e reuniões culturais com outros historiadores, políticos e homens da ciência que passavam por lá na altura do verão, em longos e demorados debates, nada extenuantes.
Atravessamos a bonita calçada do jardim em direcção à soleira da porta e preparei-me mentalmente para entrar naquela casa. Fui imaginando uma casa de mobiliário antigo e corroído pelo tempo com velhos livros cambaleando pelas superfícies cobertas de pó, numa total desarrumação e sujeira típica de homem que vive sozinho (pelo menos foi o que o João me assegurara).
Entramos.
Não podia estar mais enganada. O hall tinha estava reduzido ao mínimo necessário. A um canto ficava um armário com cabide para onde o João atirou as chaves num gesto preciso que revelava o hábito com que o fazia, evidenciado também pelos riscos na madeira. Dali podíamos entrar para a cozinha ou para um corredor ou para uma sala.
- Vou só mudar de roupa, dá-me um segundo. – e dirigiu-se para a sala.
Perplexa pensei que por preguiça guardava a roupa em algum cadeirão na sala.
Adivinhando os meus pensamentos o João respondeu – a arquitectura desta casa oi toda planeada pelo meu tio.
- Esta sala foi fruto do seu desejo de fazer uma viagem na história, todas as noites antes de repousar. Aquelas palavras saiam-lhe como se fosse um desejo partilhado por ambos – De modo que temos obrigatoriamente que passar por aqui antes de entrar para os quartos – e apontou-me umas escadas que ficavam no canto mais escuro da sala. Mais perto da janela via-se um cadeirão aparentemente confortável, desgastado pelo tempo e pelo traseiro de todos que por lá passaram. Ao lado ficava uma pequena mesa de apoio.
Um contínuo de armários negros com portas de vidro por onde podíamos observar lombadas de todas as idades e feitios cobria todo o perímetro da sala à excepção de um quadro onde se podia ver um senhor de idade com uma criança.
- Foi o meu tio que o pintou – disse quando me viu a contemplar o quadro – um autoretrato. E aquele miúdo sou eu! - completou.
Tinha um aspecto querido, tal como o tio com as suas barbas brancas que me faziam lembrar o Pai Natal.
Um dos armários, junto das escadas, num recanto mais escuro e onde não chegava nenhuma das luzes da sala ostentava uma robustez que não era partilhada pelos seus vizinhos. As portas de vidro escurecido tinham a toda a volta uma borracha isolante, com se o seu conteúdo quisesse sair por ali. Era impossível ver o seu interior.
- Vou subir!
- Até já! – Retorqui enquanto continuava a explorar aquele espaço, sem lhe perguntar se queria companhia. De qualquer modo já tínhamos tido acção suficiente para aquele dia, certamente não ficaria chateado.
Dei mais uma volta contemplando todas a prateleiras. Uma mesa baixa com vários puffs de meados do século completavam o mobiliário.
Voltei ao armário misterioso e num abuso de confiança preparei-me para abrir a porta.
- Nãoooooooo! - Exclamou o João enquanto descia as escadas num salto.
O grito fez-me recuar perplexa e assustada. A expresso da sua face demonstrava um horror que eu não imaginara.
Imediatamente se recompôs: Desculpa mas o conteúdo desse armário é valiosíssimo. O meu tio guardou textos e relíquias com centenas de anos. Estão aí guardados para não se degradarem.
- Desculpa - voltou a repetir. Deveria ter-te avisado.
- Eu é que peço desculpa – rertorqui. Senti-me verdadeiramenrte estúpida – Foi uma falta de educação da minha parte.
- Bem, não vamos pensar mais nisso.
- Sabes que até uma cópia de alguns textos de da Vinci estão ai guardados – gabou-se num tom altivo colocando o dedo em frente da boca num gesto de segredo.
Subitamente ficou pensativo e voltou-se para mim num tom expressivo:
- deixa-me ver esse papelinho…

quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

Capítulo III (B)

- Bom dia princesa! – Exclamou estremunhado.
- Estou com uma tremenda ressaca. – disse ele.
- Pudera à quantidade de vinho que bebemos ontem, não é de admirar- disse eu – soltando uma gargalhada.
- Porque te ris? – perguntou.
- Estou-me a rir da tua cara!
- Da minha cara?
- Sim. Estás completamente sedado. Parece que todas estas horas de sono não foram suficientes para recuperar da noite de ontem.
- João assentiu com a cabeça, corou e envergonhado refugiou-se por debaixo dos lençóis.
- Que horas são? – perguntou num tom abafado.
- Não sei. Deixa-me ver no telemóvel. Levantei-me da cama e fui à sala procurar a minha bolsa. Estava no sofá. Peguei nela e o seu conteúdo despejou-se no chão, o fecho estava aberto. Apanhei tudo e voltei a colocar lá dentro à excepção do telemóvel que marcava 10h35m e de um papelinho amarrotado. Subitamente recordei-me do episódio da churrasqueira dos magrebinos e da mulher loira. Regressei ao quarto. Por instantes quedei-me de pé a olhar para o tecto.
- Então Margarida que se passa. Porquê esse ar pensativa?
- Arrependeste-te de alguma coisa do que se passou entre nós? – perguntou encadeadamente.
- “Achas? Claro que não!”- E pulei para a cama novamente abraçando-o com toda a força possível.
-“Tu és a melhor coisa que me podia ter acontecido nestas férias!”
- O que se passa é que tenho aqui este bilhete, disse mostrando o pedaço de papel amarrotado.

“Nathalia Nikolaeva”
“ZUL MUIDATS 12 ETAG”

João leu em voz alta. E perguntou: - sim e…? – deixando a pergunta no ar.
E contei todo o sucedido. Todos os factos estranhos que tinha observado: as trufas, os magrebinos, a loira, o arrastão.
- De facto é muito estranho. – disse o João. Mas o que é que estás a pensar?
- Não sei mas gostava de perceber o que está por detrás daquela história. Quem era aquela mulher e aqueles homens? Que faziam naquele restaurante? E porque é que ela se sujeitou aquele tratamento?
- Pois Margarida não te posso responder. Mas tenho uma solução voltámos lá à hora do almoço e falámos com o senhor. Pode ser que as personagens voltem lá…
- Oh. Vamos lá ter esse trabalho isto não passa de macacos na minha cabeça.
- Se calhar tens razão. Mas podemos ir lá de qualquer das maneiras. Temos que almoçar e temos por isso…
- Ok regressamos ao local do crime! – disse eu entusiasmada.
- Crime? Qual crime? Tu estás maluca. Andas a ver filmes a mais! Agora percebo porque é precisas de férias.
- Que engraçadinho! – disse com um ar chateada.
Vá não te chateies vamo-nos arranjar damos um passeio e depois vamos ao dito restaurante, alimentar o corpo. – Retorquiu o João.
Levantei-me energicamente em direcção ao quarto de banho e liguei o chuveiro. João segui-me os passos e mergulhamos num banho relaxante.
Quarenta e cinco minutos depois cruzávamos o portão da casa, para a rua de calceta em direcção à praia. João vestia a mesma roupa do dia anterior. Os mesmos calções garridos e uma t-shirt branca com uma figura vermelha que condizia com os calções, e umas havaianas pretas.
O céu estava claro, à semelhança do que aconteceu nos dias anteriores. O sol queimava e a praia vista de cima apresentava já alguns veraneantes equipados com guarda sois.
- Margarida não te importas que passe em casa só para trocar de roupa?
- Não claro que não. Então fazemos um pequeno desvio moro já ali à frente. Depois descemos também ainda é cedo para a hora do almoço.
Demoramos nem 5 minutos. Caminho todo ele feito a conversar sobre como tinha decidido vir para a praia das maçãs.
- Chegamos. É esta a minha casa! Disse João.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

Capitulo III (A)

Acordei devagar com um raio de sol a acariciar a minha pele. Estava completamente esgotada, os raios de luz que penetravam as frestas das janelas ornamentavam o meu corpo nu em tons de dourado que contrastava com a minha pele já morena. Lentamente fui sentindo o calor progrdir desde a curvatura das minhas nádegas até aos seios descobertos, deliciando-me com aquela sensação até então desconhecida. Aquelas férias foram um verdadeiro repasto para os meus sentidos, para o corpo e para a mente.
Apelando à memória, tentei reviver o dia anterior: a corrida na madrugada, os bolos da Dona Deolinda, a praia, o João, o roubo, o João, o almoço, o João, o fantástico e maravilhoso João que veio divinizar estas já maravilhosas férias.
Tive que fazer um esforço redobrado para lembrar os acontecimentos que se seguiram ao almoço, talvez devido ao sublime Lysias com que nos deleitamos. Lembro-me também que não ficamos pela primeira garrafa, embora não possa precisar quantas foram ao certo. Só esperava terem sobrado mais algumas garrafas para poder voltar a repetir aquele almoço.
Comecei agora a sentir os primeiros sinais de uma nova sensação: uma dor de cabeça colossal, como se os meus neurónios estivessem em agonia. Senti também uma ligeira náusea que imediatamente desapareceu. A dor crescia de intensidade conforme o quarto ficava mais iluminado. Peguei no lençol, puxei-o e cobri os olhos. Lá em baixo, na penubra dos tecidos, o João permanecia envolto nos seus sonhos. Fiquei ali um bom bocado a olhá-lo, a contemplar todos os bocadinhos do seu corpo que se revelava um verdadeiro regalo para os meus olhos: o seu aspecto robusto que contsatava com o veludo da sua pele, as suas mão firmes e experientes, a curvadas suas nádegas apeditosas... Apesar do cansaço, sentia-me aínda nos píncaros da excitação.
Depois do almoço lembro-me vagamente de ver o Sol já em queda para o infinito, mas ainda ia alto. O João cambaleou até ao chuveiro a reclamar o banho prometido. Instintivamente fiz-lhe companhia. As nossas roupas cairam pelo corredor, muito antes de alcançamos a casa de banho. Os últimos metros foram percorridos em uníssono, entre beijos profundos e carícias meigas que alternavam com mordedelas e apalpões que me percorriam todo o corpo. Nem a água gelada que caiu do chuveiro apagou o fogo que ardia em nós. Era como se eu tivesse acumulado toda esta energia durante anos. Senti aquele calor invadir-me num vai e vém de prazer.
De nada servira o banho, os nossos corpos ofegantes e transpirados deslizavam como se tivessem sido criados para combinar, até atingirmos o clímax em gemidos de prazer. Depois, repousávamos, inertes, contemplando a arte esboçada nos contornos da pele que nos voltava a encher de paixão. Quando os nossos músculos recarregavam as energias, imediatamente nos voltavamos a precipitar nos prazeres da carne que tantas vezes o padre da freguesia nos prevenira. Foi então que eeu compreendi a razão de os apelidar de «tentação».
Não sei bem ao certo quantas vezes repetimos aquele guião improvisado mas o facto é que agora estava completamente estafada. Tornava-se difícil distinguir os sonhos que vivera naquela noite da realidade, o que também pouca diferença me fazia porque de qualquer maneira, tudo aquilo fora deveras intenso.
Sentia-me deveras feliz e satisfeita. Lamentei e amaldiçoei todos os anos que passei sem experimentar todos aqueles prazeres, como se fossem proibidos. Naquela noite vivera mais do que em toda a minha vida até então. Foram momentos capazes de justificarem toda uma existência.
Agora, enquanto gozava os poucos minutos antes do João acordar, não conseguia deixar de pensar e desejar a próxima oportunidade para repetir o feito.
O João começou então a esboçar os primeiros indícios de despertar. Os músculos moviam-se um a um com se tivessem sido ligados por um interruptor. Mecheu um braço e depois a cabeça, rodando na minha direcção como se adivinhasse que o estava a observar.
Quando as pálpebras pesadas se preparavam para vencer a gravidade, imediatamente lhe apliquei um beijo sedativo, enquanto lhe cobria o corpo de carícias:
- Bom dia meu garanhão ...