quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

Capitulo III (A)

Acordei devagar com um raio de sol a acariciar a minha pele. Estava completamente esgotada, os raios de luz que penetravam as frestas das janelas ornamentavam o meu corpo nu em tons de dourado que contrastava com a minha pele já morena. Lentamente fui sentindo o calor progrdir desde a curvatura das minhas nádegas até aos seios descobertos, deliciando-me com aquela sensação até então desconhecida. Aquelas férias foram um verdadeiro repasto para os meus sentidos, para o corpo e para a mente.
Apelando à memória, tentei reviver o dia anterior: a corrida na madrugada, os bolos da Dona Deolinda, a praia, o João, o roubo, o João, o almoço, o João, o fantástico e maravilhoso João que veio divinizar estas já maravilhosas férias.
Tive que fazer um esforço redobrado para lembrar os acontecimentos que se seguiram ao almoço, talvez devido ao sublime Lysias com que nos deleitamos. Lembro-me também que não ficamos pela primeira garrafa, embora não possa precisar quantas foram ao certo. Só esperava terem sobrado mais algumas garrafas para poder voltar a repetir aquele almoço.
Comecei agora a sentir os primeiros sinais de uma nova sensação: uma dor de cabeça colossal, como se os meus neurónios estivessem em agonia. Senti também uma ligeira náusea que imediatamente desapareceu. A dor crescia de intensidade conforme o quarto ficava mais iluminado. Peguei no lençol, puxei-o e cobri os olhos. Lá em baixo, na penubra dos tecidos, o João permanecia envolto nos seus sonhos. Fiquei ali um bom bocado a olhá-lo, a contemplar todos os bocadinhos do seu corpo que se revelava um verdadeiro regalo para os meus olhos: o seu aspecto robusto que contsatava com o veludo da sua pele, as suas mão firmes e experientes, a curvadas suas nádegas apeditosas... Apesar do cansaço, sentia-me aínda nos píncaros da excitação.
Depois do almoço lembro-me vagamente de ver o Sol já em queda para o infinito, mas ainda ia alto. O João cambaleou até ao chuveiro a reclamar o banho prometido. Instintivamente fiz-lhe companhia. As nossas roupas cairam pelo corredor, muito antes de alcançamos a casa de banho. Os últimos metros foram percorridos em uníssono, entre beijos profundos e carícias meigas que alternavam com mordedelas e apalpões que me percorriam todo o corpo. Nem a água gelada que caiu do chuveiro apagou o fogo que ardia em nós. Era como se eu tivesse acumulado toda esta energia durante anos. Senti aquele calor invadir-me num vai e vém de prazer.
De nada servira o banho, os nossos corpos ofegantes e transpirados deslizavam como se tivessem sido criados para combinar, até atingirmos o clímax em gemidos de prazer. Depois, repousávamos, inertes, contemplando a arte esboçada nos contornos da pele que nos voltava a encher de paixão. Quando os nossos músculos recarregavam as energias, imediatamente nos voltavamos a precipitar nos prazeres da carne que tantas vezes o padre da freguesia nos prevenira. Foi então que eeu compreendi a razão de os apelidar de «tentação».
Não sei bem ao certo quantas vezes repetimos aquele guião improvisado mas o facto é que agora estava completamente estafada. Tornava-se difícil distinguir os sonhos que vivera naquela noite da realidade, o que também pouca diferença me fazia porque de qualquer maneira, tudo aquilo fora deveras intenso.
Sentia-me deveras feliz e satisfeita. Lamentei e amaldiçoei todos os anos que passei sem experimentar todos aqueles prazeres, como se fossem proibidos. Naquela noite vivera mais do que em toda a minha vida até então. Foram momentos capazes de justificarem toda uma existência.
Agora, enquanto gozava os poucos minutos antes do João acordar, não conseguia deixar de pensar e desejar a próxima oportunidade para repetir o feito.
O João começou então a esboçar os primeiros indícios de despertar. Os músculos moviam-se um a um com se tivessem sido ligados por um interruptor. Mecheu um braço e depois a cabeça, rodando na minha direcção como se adivinhasse que o estava a observar.
Quando as pálpebras pesadas se preparavam para vencer a gravidade, imediatamente lhe apliquei um beijo sedativo, enquanto lhe cobria o corpo de carícias:
- Bom dia meu garanhão ...

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