sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

Capitulo II (C)

Decidi regressar a casa e reconfortar o estômago, já que a nata da D. Deolinda serviu só para tapar a cova de um dente. Estava esfomeada. Por certo o mesmo pão que havia ficado nas vitrinas da padaria, estaria também à minha espera na porta da casa arrendada. Assim, volvido o caminho de regresso a casa, avistei ao virar da esquina, pendurado no puxador da porta um saco de pano cheio de pão. Abrandei a corrida progressivamente até parar e normalizar o a respiração que trazia ofegante. O sol que subia para o seu pico de calor, estava agora mais forte e quente. Estava encharcada em suor mas mais leve no espírito. Peguei no saco do pão, rodei a chave na fechadura e entrei em direcção à cozinha. Estava bem equipada com todos os electrodomésticos necessários e até alguns supérfluos para o quotidiano. Despi-me, de forma ligeira e coloquei a roupa molhada na máquina de lavar roupa que acumulava já à alguns dias a roupa do inicio das férias. Caminhei nua para o quarto, passando pela sala de jantar que tinha a janela entreaberta. O risco de ver a minha intimidade devassada por um estranho excitava-me, ao ponto de me entregar ao primeiro transeunte da rua que invadisse o terraço solharengo com vista para o mar, o homem da luz, o padeiro, ou até o vendedor mais encolhido de óculos de massa. Puros devaneios pensei eu, enquanto abria o chuveiro e mergulhava na água fria que massajava as costas e limpava o suor. Aquela água era diferente da água do Porto. E curiosamente parecia expurgar melhor a sujidade, principalmente a da alma. Limpei-me e espalhei o bronzeador pois já tinha decidido aproveitar a manhã de sol e praia. Vesti um biquini reduzido que tinha comprado no shopping e um pareo colorido a condizer com o laço do chapéu branco de abas largas que fazia parte do conjunto. Não saí de casa sem antes apagar a fome que sentia. Bebi um refrescante batido de frutas naturais e um pão com queijo da serra. Saí deslumbrante…

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